Irmão que sofre
IRMÃO QUE SOFRE
Não chores as lágrimas do desespero.
Não permitas que as garras da revolta dilacerem as fibras de teu coração.
No mundo tereis tribulações, asseverou-te o Mestre preparando-te para os embates necessários da vida.
A semente lançada ao solo deve sofrer as algures do frio e da solidão, renunciando a alegria da luz, para germinar na árvore frondosa no amanhã. Para que teu espírito exaure a maldade acumulada em séculos de desatinos, deve ser burilado por lágrimas e dores.
Chora, mas chora a lágrima da esperança, na certeza de que a aflição vivida hoje é morte para tua alma, mas também fonte germinadora de belas florações do espírito no amanhã radiante.
A noite cobre de vazio e gelo a abóbada de céu. O frio enrijece a alma sedenta de luz. Recorda, no entanto, irmão, que após cada noite escura e gélida, nasce o sol fecundando de brilho a vida e o teu coração.
Chora, mas chora a lágrima da renúncia, renúncia aos teus próprios caprichos, na doce entrega aos desígnios do Pai. Deixa-te conduzir pelas suaves mãos do Senhor, que hoje te faz caminhar por espinhos. Além da estrada dolorosa se descortina um campo de paz. Ali as flores vicejam e os pássaros cantam. Aí tua alma encontrará, enfim, o repouso.
Não dê guarida às teias do infortúnio e não sustentes na alma as garras ferinas da culpa infundada que te dilaceram o coração.
Recorda Jesus na tempestade, acalmando as forças intrépidas da natureza e acredita, irmão, que nos momentos de tormento íntimo, o Senhor está ao leme do barco de teu destino, acalmando as potências de teu interior em torvelinho. Basta que suplique: Senhor! Senhor! E confia.
A jornada terrena é mesmo de dores e amarguras, mas confia, pois dias melhores te aguardam na esteira da vida. O vale de sombras é como um cisco na longa estrada do tempo.
Recorda que o Senhor te fez para a alegria e herdeiro da ventura eterna. A sombra de um dia sem luz não pode apagar o brilho do sol. Tua alma é feita de luz e o tormento de um dia de dor não pode aniquilar-te o esplendor do espírito.
Alija de ti todo o desespero e entoa aos céus um hino de gratidão por serdes filho do Altíssimo.
Os mensageiros do céu estão ao teu lado. Chora a lágrima do consolo e deita tua cabeça cansada no ombro Daquele que te afaga a alma dolorida e te convida à paz do espírito.
Paz sempre
Um amigo
Belo Horizonte, 28 de março de 1983
Médium: Gilson Freire
Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Vítor