Uma Palavra Para Quem Sofre de Câncer

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Gilson Freire

Nota – este trabalho integra o artigo “O CÂNCER NA VISÃO DE PIETRO UBALDI” que deveria ser antes lido.

Se você está com câncer, meu irmão, saiba que a vida lhe convocou para vivenciar delicado processo de cura de sua alma. Acredite, você está sob cuidados divinos, que visam a purificar-lhe o espírito, preparando-o para a emersão em planos mais elevados da vida. Não se veja, portanto, abandonado pela providência de Deus e entregue às potências do acaso. Em absoluto, Nosso Pai jamais nos deixou, e trabalha permanentemente para soerguer-nos dos abismos infecundos da matéria, onde nos atiramos por ingerência própria.

Não deixe, amigo, de seguir o que lhe determina a medicina oficial. Ela pode representar também uma ajuda de Deus, embora ainda disponha de recursos um tanto quanto agressivos para nossa delicada fisiologia celular. Ela nos transforma em um campo de batalhas e nos cobra o pesado atributo do bem-estar físico para nos devolver à normalidade da vida, é bem verdade. Mas não temos outro caminho no momento.

E que seja bem dito: suas chances de sobrevivência ao processo são muito grandes, pois a ciência médica, a despeito de apoiar-se em bases meramente materialistas, trabalha na atualidade com muitos e novos recursos de supressão dos tumores.

Além disso, você pode, e deve, valer-se de outros recursos disponíveis nas chamadas medicinas alternativas, como a homeopatia e a acupuntura, por exemplo, bem como tratamentos ditos espirituais. Mas não deixe seu acompanhamento oncológico oficial. Não se trate exclusivamente com esses meios. A despeito de serem eficazes, infelizmente não estamos ainda preparados e sequer seguros de guardar méritos para alcançar a cura pelos métodos mais suaves das terapias complementares.

Mas não espere somente pelo que pode lhe ofertar a ciência médica ou mesmo qualquer outro tipo de terapêutica, até mesmo um tratamento espiritual. Recursos externos não bastam para nos devolver a saúde verdadeira. São, todos, meros paliativos. Por isso, recomendamos-lhe a prática da autocura como indispensável quesito para sua recuperação. Esta, sim, é que deveria, sobretudo, interessar-lhe. É verdade que pouco sabemos sobre ela e não detemos ainda a capacidade de ativar as poderosas forças curativas que integram o divino patrimônio de nosso ser. Sabemos apenas que as potências orgânicas que nos levaram à doença detêm igual capacidade de nos curar. Ou seja, da mesma forma como adoecemos, podemos também nos restabelecer. Mas não aprendemos como fazer isso. Sejamos realistas! Não temos ainda a fé que pode mover montanhas.

Isso, porém, não é motivo para deixar de tentar. Em absoluto. A dificuldade não é uma impossibilidade, e pode ser superada. E com certeza você desenvolverá recursos que muito o auxiliarão na dura batalha contra o seu tumor. Sigamos passo a passo, um breve roteiro ativador de autocura:

O primeiro a fazer é afastar do coração o peso da revolta. Convença-se de que não somos seres inocentes entregues a uma natureza agressiva que não conhece a piedade. Não somos vítimas da vida. Portanto, receba com bom ânimo a doença. Exercite o heroísmo cristão, entregando seu corpo ao holocausto em prol da real saúde, a saúde espiritual. Não lute desesperadamente contra a ideia de estar com o câncer. Aceite. Concorde. Acolha. Disponha-se com coragem ao processo. Deponha sua vida diante de Deus, para que se faça a vontade suprema do Criador e não a sua. Não Lhe peça um milagre. Não Lhe implore pela cura. Suplique-Lhe, sim, forças para enfrentar o que a Lei superior determina para seu destino. Nossa existência não nos pertence, lembre-se, é um presente de Deus e Deus detém sobre nós o direito sobre ela.

Depois, compreenda que a doença em si é o nosso melhor remédio. Precisamos dela e devemos colher suas lições com boa vontade. Ela objetiva curar nosso extremado individualismo e ensinar-nos que fomos criados para doar amor aos demais, jamais exigir. Ao expor-nos a imensa fragilidade da carne, ela educa-nos, sugerindo-nos atirar ao lixo o velho hábito do orgulho, pois nada podemos sem as forças divinas que nos sustentam a todo o instante.

Apoie-se nos demais. Assim como precisamos do amparo divino, nada nos será possível sem a ajuda do outro. Por isso, tenha a coragem de compartilhar o seu drama com todos. Reconheça humildemente seus limites e suas imensas necessidades e aproxime-se o máximo que puder de seus semelhantes. Aceite com humildade toda ajuda que lhe vier.

Se os cabelos se vão, tenha a coragem e a humildade de demonstrar aos demais o seu estado, ainda que lamentável. Lembre-se, nosso corpo é construção provisória e nada justifica nosso intenso sofrimento por vê-lo, por vezes, deformado. É uma veste que logo trocaremos por outra melhor e mais bela.

Cultive a paciência e a resignação como remédios preciosos. Aprenda a sorrir, ainda que em meio às dores lancinantes do corpo. Tome o mínimo de analgésicos possível e procure sentir a dor de uma forma diferente. Aceite-a. Acomode-a na alma. Não lute contra ela, mas tente experimentá-la em intensidade, desarmando-se da vã tentativa de afastá-la a qualquer custo. Seu nível de tolerância aumentará e então você surpreender-se-á ao ver que a terrível constrição da dor se aplaca, acomodando-se em sua máxima capacidade de sofrê-la.

É bem provável que identifique no coração a indesejável presença de rancores e raivas contra seus irmãos de jornada. É hora então de meditar profundamente nessa questão. Comece convencendo-se de que não somos vítimas do descaso ou da afronta de ninguém. Desfaça o equívoco de julgar que a desonra lhe é imerecida. Se ela nos chega e toca-nos tão profundamente, patenteia-nos a enormidade do orgulho e a imperiosa necessidade de se aprender a humildade. Lembre-se, o desafeto do outro é sempre fruto de nossa incapacidade de amar, tenha a certeza disso. Não amamos como convém. Muitas vezes nossa frustração afetiva nada mais é que o espelho da enorme e egoica carência de amor que portamos na alma. Observe como muitas vezes a dor que acusamos o outro de nos provocar, chama-se, na verdade, ciúme, inveja, orgulho ferido ou frustração da vontade. E assim veremos como a doença nos convoca nada mais que a realinhar as emoções e a cicatrizar a alma, ferida pelos próprios sentimentos, não pela agressão alheia.

Se lhe for possível, busque o diálogo com a pessoa de seu desafeto. Ouça seu ponto de vista e procure acatar suas justificativas. Esforce-se por compreender, antes que exigir compreensão. E, sobretudo, perdoe-lhe os deslizes. Lembre-se, o rancor é o fel amargo que alimenta nossas células cancerosas. É verdadeiramente a “bile negra” tão bem caracterizada pelos antigos gregos e que nos envenena tanto o corpo quanto a alma. Ponha-se no lugar do agressor e, acredite, todos podemos errar ou deixarmos trair pelo orgulho. Ninguém está isento, pois todos portamos personalidades ainda fracas, sujeitas a se deixar levar pelas muitas e tão comuns armadilhas do ego inferior.

Se, ao vasculhar os arquivos de memória, não se recorda de qualquer raiva ou mágoa alimentada contra quem quer que seja, ainda assim, essa terrível mazela pode estar aflorando de um passado distante, inacessível aos seus atuais registros mnemônicos. Pense nas pessoas com quem você tem dificuldade de aproximar-se ou parecem-lhe pessoas difíceis de se amar – elas podem representar seus antigos desafetos, exigindo-lhe corrigendas afetivas.

Se a doença parece-lhe uma imensa maldade da vida, saiba ainda que não somos seres inocentes expostos às crueldades alheias. Somos, sim, vítimas do nosso próprio mal e com certeza trazemos do pretérito farto manancial de perversidades praticadas contra os demais. Portanto, nossos algozes de hoje com certeza são nossas vítimas de ontem. Nada mais que isso, pois a vida sempre nos devolve o mesmo mal que praticamos. Portanto, o perdão é o caminho indispensável para refazer-nos equilíbrios rompidos e interromper o jogo de ações e reações a que nos sujeitamos por Lei.

Se seu caso é muito grave, você agora enfrenta recidivas, e já está exausto de tantas e frustras tentativas de se impedir a remissão do tumor. Metástases se anunciam em outros órgãos. Os médicos, reticentes, evadem-se de adotar novas condutas. Então a hora é bastante séria. Logo, o primeiro a fazer é acatar com bom ânimo a possibilidade de que tenha de deixar o palco da vida carnal em breve intervalo.

Não negue, mas aceite a notícia como uma realidade. Acolha-a como um fato inexorável. Afaste de sua mente o pensamento que normalmente nos ocorre nessa ocasião: “não é possível, deve haver um engano”, ou: “não acredito que isso vá acontecer comigo” – não, isso pode e vai acontecer com você, sim. Você não é diferente dos outros seres humanos.

Uma vez que a possibilidade da morte acomodou-se em sua alma, é hora de combater com todas as suas forças a raiva, a qual comumente toma o seu lugar após a constatação da realidade da morte. Por que eu? – você se pergunta. Infelizmente, mais uma vez, devemos enfrentar a realidade: a morte existe para todos, e você não é diferente de ninguém. Vencida a raiva, virá a tentativa de fazer um pacto com Deus – é a fase da negociação, e você se ilude de que poderá superar o seu mal por meio de promessas e barganhas com a Divindade. Não tardará e você perceberá que isso tampouco adiantará. Será então a vez de colher a última fase do processo: a depressão. A presença de intolerável angústia e insuprível desalento demonstra-lhe que você já tem como definitivo que seu processo é irreversível, mas não está preparado para aceitar o inexorável fim. Será preciso vencer essa depressão final para que você realize o grande transe do túmulo com tranquilidade e segurança.

Para isso você deve entregar-se às forças superiores da vida, pois nada poderá fazer para mudar a sua sorte. É hora de confiar sua alma a Deus. Corra então a afastar o pesar e o receio de seu coração. Procure acolher com entusiasmo o inexorável anúncio de um fim próximo. Acomode com tranquilidade essa ideia no coração. Não é o que de mais grave pode nos acometer em vida. Em absoluto. Se a morte se anuncia, ela lhe pede que você se prepare convenientemente para viver uma grande existência, a qual guarda possibilidades de ser muito melhor do que a nossa vida atual. Imagine que você está para fazer uma longa viagem para um país muito distante. Mas pense nisso como vantagem e não como um dano. É a chance de conhecer novas paisagens do universo, entrar em comunhão com outras pessoas, quiçá antigas amizades, e rever parentes queridos que já partiram. E aceite o processo como uma libertação do imenso drama que você vem atravessando. O fim das dores. A entrega do corpo já carcomido pelo tumor. Nada mais que isso.

Não alimente o receio do vazio, o temor do desconhecido. Guardamos o grande equívoco de julgar que a morte nos é a mais importante ameaça à felicidade na Terra. Representa, de fato, nosso maior pavor, por projetar-nos em zona de incertezas. É o medo do nada, da não-existência, do vazio. Não. Não acredite nisso. A morte não é o fim. Em absoluto. Não pode ser assim, essa não é a lógica do universo. Temos muitas evidências disso. Nada se cria como nada se destrói em nosso cosmo, já afirmava o sábio Lavoisier. Ora, a consciência é uma força poderosa que também não pode ser desfeita. É o produto mais precioso do universo. Ela preexiste ao nosso nascimento na carne, pois é o resultado de nossa longa evolução pelos caminhos do tempo. Como ela não nasce com o nosso ingresso na carne, também não se extingue com desfazimento do corpo físico. Muitos vieram do Além-túmulo para nos dar essa boa notícia: sobreviveremos ao desenlace físico e encontrar-nos-emos em uma dimensão de muito mais ricas possibilidades do que nossa restrita vida na matéria densa.

Creia na imensa força da prece. Converse com Deus, no imo de seu ser, e entregue-Lhe sua alma e sua vida. Como dissemos, não negocie com o Criador e sequer barganhe vantagens com Ele, ofertando-Lhe promessas vãs em troca da sobrevivência. Agradeça-Lhe, antes, não só por existir, mas também pela oportunidade de vivenciar a dor redentora. Peça-lhe a cura do espírito através da educação de hábitos e da reforma de sentimentos e costumes. Não rogue desesperadamente pela recomposição do corpo, pois a doença tem sua necessidade que será cumprida. O corpo nada representa, ante os propósitos divinos. É construção anômala que mais cedo ou mais tarde teremos mesmo de abandonar.

Não se sinta um fracassado ante a falência orgânica. A doença está cumprindo importante papel, e irá lhe devolver um equilíbrio, um bem-estar e uma saúde muito maiores do que aqueles de que desfrutou em vida. Acredite nisso. Não se permita cair no pesar desagregante de forças vitais, que somente lhe agravarão o estado físico. Não alimente desnecessárias angústias. Não se sobrecarregue com o peso do pessimismo. A enfermidade, ainda que fulminante, se é vista como um fracasso biológico pela curta visão materialista, não é uma derrota do espírito. É sempre uma vitória da vida para a alma imortal, que se vê paulatinamente livre de seu fardo de maldades.

Mas se a tempestade tumoral passar, então será a hora de mudar radicalmente a sua vida. Não seja o mesmo antes e depois do câncer. Aproveite, pois não há estímulo maior para reformularmos nosso comportamento e alinharmos nossos propósitos com a Lei de Deus do que a ameaça da morte por um câncer. Aprenda a valorizar o que realmente convém: aspirar somente pelo que é imponderável, pois unicamente os valores imponderáveis sobrevivem ao túmulo. Pratique o desapego dos irrisórios bens físicos. Viva da maneira mais simples que puder. Supere necessidades supérfluas. Lute contra o orgulho. Perdoe, “não sete vezes, mas setenta vezes sete”, as injúrias recebidas na jornada da vida. E não fuja dos desafetos, ao contrário, aproxime-se-lhes o máximo que possa. Não repita o que comumente ouvimos: “eu o perdoo, mas não quero vê-lo nunca mais”. Dedique-se aos estudos do espírito, e procure conhecer melhor a si mesmo. Acredite, a doença evoca-o, sobretudo, a desvendar seus segredos mais íntimos, até onde for capaz, para que alcance o verdadeiro e desejado equilíbrio.

Faça morrer o ego inferior, deixando de alimentar seus melindres, como o orgulho, a vaidade, a inveja, o ciúme, a cobiça, a raiva com todo o seu rol de males. Alimente o psiquismo com leituras nobres e o coração com sentimentos elevados. Cultive o belo, o bom, o verdadeiro e o justo. Aproxime-se o máximo possível da natureza e procure desfrutar das alegrias genuínas e saudáveis que a vida lhe oferta.

Valorize sua existência como convém. Fuja dos vícios. Cuide do seu corpo como o precioso templo de sua alma. Faça atividades físicas. Alimente-se moderadamente. Repouse e cultive o lazer quando puder. Tome o mínimo de medicamentos possível. Viva a vida da forma mais singela possível, fugindo do supérfluo. A felicidade está nas coisas mais simples da existência e não nos grandes feitos e soberbas conquistas. Não queira ser herói, ainda que de si mesmo, e não alimente excessivas e perniciosas vaidades. Fuja do exibicionismo e não queira provar nada para ninguém.

Faça de sua vida uma luta permanente contra a inferioridade moral que ainda nos domina a todos. Lembre-se, devemos ter apenas um inimigo na vida, o qual temos o dever de combater com todas as forças da alma: nossos próprios impulsos inferiores.

Dedique-se a tarefas de cunho social, servindo aos semelhantes na altura de suas possibilidades, doando de si mesmo em prol dos necessitados. Faça contatos. Conviva. Distribua gentilezas ao redor dos passos. Atenda, quanto puder, às solicitações alheias. Recorde-se de que o egoísmo separatista é um dos deflagradores do processo cancerígeno, merecendo, portanto, todo o nosso empenho em saná-lo. Para isso você deve se tornar uma célula social, participativa, zeladora e colaboradora do bem coletivo. Portanto, saia de seu individualismo. Trabalhe pela comunidade, dedique-se a serviços sociais, tarefas socorristas ou qualquer atividade benéfica para seu semelhante. Lembre-se, os hospitais estão cheios de doentes cancerosos, muitos deles crianças, esperando por uma palavra de consolo e um apoio amigo. E o testemunho daquele que já passou pelo processo é um precioso conforto.

Se você é um aposentado e não precisa mais trabalhar para ganhar o sustento da vida, com mais razão deve tornar útil à sociedade as suas horas vazias. Enriqueça-as com obras sociais. Doe amor e serviços ao próximo e receberá em troca tudo o que precisa para a reconquista da saúde verdadeira.

Combata com todas as forças de sua alma o egoísmo e o orgulho. Esses são os venenos que alimentam nosso câncer, creia. Talvez seja essa a tarefa mais difícil que a vida lhe pede, mas empregando todas as suas forças nesse desiderato, você sairá vitorioso. As energias do altruísmo são as mais benéficas que a natureza nos disponibiliza, embora não as percebamos de imediato agindo na intimidade.

Pratique a paciência e a tolerância. Iniba a raiva na raiz dos sentimentos, para que não precise depois colocar-lhe os necessários freios sociais. Eduque o pensamento, coibindo fantasias perniciosas. Alinhe os desejos na fileira do bem verdadeiro. Torne saborosos os seus sentimentos com o indispensável tempero do amor.

Não se esqueça do convívio familiar. Compartilhe sua vida. Divida-a com parentes e amigos, pois nossa felicidade é essencialmente proporcional à felicidade que distribuímos ao redor dos passos. Fuja do pessimismo, da tensão e das cobranças excessivas. Faça o que estiver ao seu alcance, da melhor maneira que possa. Reconheça os limites de suas forças e não queira realizar o impossível. Doe o que puder, mas não queria dar o que não tem.

E não lhe digo: desfrute ao máximo os prazeres da vida. Não. Há deleites impróprios que comprometem nossa saúde e expõem-nos a grandes quedas morais. E, sobretudo, se comprometem a alegria do outro, unicamente nos trarão malefícios. Lembre-se, a vida é sábia e registra com exatidão não só nossos atos, mas também nossos pensamentos e sentimentos, por mais ocultos nos pareçam.

Faça seu acompanhamento médico como convém e como lhe foi proposto. Sabemos que cada sessão de exames laboratoriais reacenderá em sua alma o temor de uma recaída. Esse fantasma acompanhar-lhe-á os passos por um bom tempo. Cinco anos, de modo geral, é o prazo médio que a medicina determina para conferir-lhe a alta definitiva. Aproveite esse tempo para exercitar esse pequeno rol de necessidades terapêuticas da alma. Embora não se possa observar diretamente a atuação desses salutares impulsores, você sentirá seus efeitos imediatos na consciência profunda. A satisfação do dever moral cumprido é o mais precioso medicamento de que necessitamos, capaz de nos manter no máximo equilíbrio possível. É assim que iremos velar pela ameaça do câncer que continuará espreitando-nos a intimidade, até que desista de novo intento de investir-se contra a nossa felicidade na Terra.

Enfim, esteja certo de que, embora você tenha se livrado das ameaças iminentes de um câncer, sua alma continua doente. Os medicamentos que a bondade da vida ofertou-lhe são de efeitos provisórios e superficiais. Não podem alcançar a substância de seu espírito, onde repousa a verdadeira origem de seu tumor. Apresse-se a acalmar seus impulsores, os quais facilmente poderão ser outra vez deflagrados. Tenha sempre em mente as palavras que Jesus proferiu ao paralítico de Betesda que acabara de curar: “Não voltes a pecar para que não lhe suceda um mal maior” (Jo 5:14).

Que o Senhor acompanhe seus passos!

De coração,

Gilson Freire

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